terça-feira, 31 de março de 2009

OPINIÃO 95-96 - Dívidas dos Clubes II

Lisboa, 31 de Maio de 1996 (CARTA ABERTA)

Menino Jorge Coelho:

O meu papá está muito zangado contigo. Ele acha que o Governo está entregue a miúdos e a bois; esta dos bois eu não percebi, mas foi o que ele disse.

Parece que o Benfica e o Porto e não sei que mais (parece que o Sportingue
[1] também) devem umas semanadas ao Governo e como não têm dinheiro para pagar tu disseste assim “a Dona Misericórdia vai dar a vocês dinheiro para vocês pagarem à gente, depois a gente dá outra vez o dinheiro à Dona Misericórdia e ficamos todos amigos porque vocês pagaram à gente e a Dona Misericórdia fica à mesma com o dinheiro dela, e ela depois vai dar aos pobrezinhos”.

O meu papá acha que estás a enganar o Pagode e que é o mesmo como daquela vez que a minha mamã me adiantou umas semanadas e depois eu não conseguia pagar e ela queria que eu gastasse menos e que pagasse até ao último tostão. Eu então falei com o meu papá e ele deu-me logo o dinheiro e eu paguei à mamã, e ela ficou desconfiada que só visto. Quando a mamã soube da coisa ficou pior que uma fera e disse ao papá que eu assim nunca mais ficava responsável e que pagar eu com dinheiro do papá era o mesmo que ela me perdoar o dinheiro que eu lhe devia e mais não sei quê. Uma fita, mas foi porreiro porque eles discutiram muito e eu não paguei à mesma.

E pronto. Vê lá se tens cuidado, porque assim dás má fama aos miúdos e aos tais bois que eu não sei como é que são chamados práqui
[2], mas foi o que o papá disse.

Cháu

Zé António Marques Correia

PS: Se é verdade que és mesmo Ministro, que é quase como o Presidente, podias arranjar-me um tacho que o meu papá diz que isso é que era bom, mas que só os bois é que vão para o tacho, e esta eu também não percebi.

Outro Cháu Zé António

. . . . .

NOTAS:

[1] sic no manuscrito.

[2] sic no manuscrito.

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